De acordo com um novo estudo, o distante planetóide Sedna parece estar coberto por uma camada «lamacenta» parecida com alcatrão que dá o distinto tom avermelhado ao objecto. As descobertas sugerem que a escura crosta foi “cozinhada” pelo Sol e permaneceu intocada por outros objectos durante milhões de anos.
Sedna parece ter quase o tamanho de Plutão, tendo sido descoberto em Novembro de 2003. É o objecto mais distante já observado no Sistema Solar e viaja numa trajectória alongada que se estica entre 74 e 900 vezes a distância entre o Sol e a Terra.
Os astrónomos têm tentado explicar a razão de tal extrema órbita, mas muitos acreditam que uma estrela passando pelo Sol há cerca de 4 mil milhões de anos atrás puxou o planetóide para a sua órbita actual. Agora, observações pela mesma equipa que descobriu Sedna sugerem que o objecto desde aí levou uma vida bastante calma, até monótona. Estudos no infravermelho pelo Observatório Gemini no Hawaii mostram que a sua superfície contém pouco metano gelado, descoberto em quantidades significativas em Plutão, e pouca água gelada, vista na lua de Plutão, Caronte.
Chad Trujillo, o líder da equipa do Observatório Gemini, diz que as colisões com outros objectos podem ter ajudado a expôr os interiores gelados de Plutão e Caronte, e acredita que a ausência das mesmas poderá explicar a falta de gelo na superfície de Sedna.
Sedna, que é provavelmente constituído por uma mistura igual de gelo e rocha, pode estar coberto por mais ou menos um metro de uma camada viscosa de hidrocarbonetos. Esta é produzida quando a radiação ultravioleta do Sol e as partículas carregadas alteram as ligações químicas entre os átomos no gelo.
“Ficamos com este grande emaranhado de ligações de hidrogénio, que torna a superfície escura como o asfalto ou como alcatrão,” observa. Um processo semelhante ocorre no objecto com 200 quilómetros de diâmetro chamado Pholus, que se situa perto de Saturno e é também muito avermelhado.

Crédito: Jon Lomberg
Scott Gaudi, um astrónomo do Centro para Astrofísica Harvard-Smithsonian em Cambridge, Massachusetts, EUA, diz que a nova pesquisa suporta as anteriores teorias que mostram que Sedna evoluiu num ambiente mais distante e menos populado que o de Plutão e Caronte. “Talvez a sua órbita tenha sido alterada muito cedo e viveu aí durante este tempo todo,” acrescenta.
Mas Gaudi descobriu recentemente que, pelo menos de uma maneira, Sedna parece mais convencional do que se pensava. Quando Sedna foi descoberto, os astrónomos usaram um telescópio com 1.3 metros para observar o período de rotação do planetóide, concluindo que rodava uma vez em cada 20 dias – um período rotacional anormalmente lento a que atribuiram às forças gravitacionais de uma lua. Mas em Março de 2004, o mistério ficou ainda mais complicado quando o Telescópio Espacial Hubble não detectou nenhum satélite em torno de Sedna.
Agora, Gaudi e seus colegas registaram mais de 140 imagens de Sedna com um telescópio de 6.5 metros e descobriram que na realidade completa uma rotação a cada 10 horas. “A maioria dos objectos do Sistema Solar rodam com períodos de mais ou menos 10 horas, por isso está bem dentro do que esperávamos,” diz Gaudi.
O estudo por Trujillo e seus colegas irá ser publicado numa futura edição do “Astrophysical Journal”.
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http://cfa-www.harvard.edu/press/pr0510.html
http://www.gemini.edu/index.php?option=content&task=view&id=126
http://www.spaceref.com/news/viewpr.html?pid=16644
http://www.physorg.com/news3718.html
http://www.universetoday.com/am/publish/sedna_untouched_millions.html?1342005
Chad Trujillo, Caltech:
http://www.gps.caltech.edu/~chad/
Scott Gaudi, Centro para Astrofísica Harvard-Smithsonian:
http://cfa-www.harvard.edu/~sgaudi/
Sedna:
http://www.gps.caltech.edu/~mbrown/sedna/
http://www.nineplanets.org/sedna.html
http://en.wikipedia.org/wiki/90377_Sedna
Pholus:
http://en.wikipedia.org/wiki/5145_Pholus
http://www.daviddarling.info/encyclopedia/P/Pholus.html
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