Novos tipos de compostos orgânicos, os ingredientes dos aminoácidos, foram detetados nas plumas expelida da lua de Saturno, Encélado. As descobertas são o resultado da análise profunda e contínua dos dados da missão Cassini da NASA.
Poderosas fontes hidrotermais ejetam material do núcleo de Encélado, que se mistura com a água do imenso oceano subterrâneo da lua antes de ser libertado para o espaço como vapor de água e grãos de gelo. As moléculas recém-descobertas, condensadas nos grãos gelados, foram determinadas como compostos contendo azoto e oxigénio.
Na Terra, compostos semelhantes fazem parte das reações químicas que produzem aminoácidos, os blocos de construção da vida. As fontes hidrotermais no fundo do oceano fornecem a energia que alimenta as reações. Os cientistas pensam que as fontes hidrotermais de Encélado possam operar da mesma maneira, fornecendo energia que leva à produção de aminoácidos.
“Se as condições forem as ideais, estas moléculas vindas do oceano profundo de Encélado podem estar no mesmo caminho de reação que vemos aqui na Terra. Ainda não sabemos se os aminoácidos são necessários para a vida além da Terra, mas a descoberta de moléculas que formam aminoácidos é uma peça importante do quebra-cabeças,” disse Nozair Khawaja, que liderou a equipa de investigação. As suas descobertas foram publicadas na edição de dia 2 de outubro da revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Embora a missão da Cassini tenha terminado em setembro de 2017, os dados que forneceu serão minados durante décadas. A equipa de Khawaja usou dados do instrumento CDA (Cosmic Dust Analyzer) da sonda, que detetou grãos de gelo emitidos de Encélado para o anel E de Saturno.
Os cientistas usaram as medições do espectrómetro de massa do CDA para determinar a composição do material orgânico nos grãos.
Os compostos orgânicos identificados dissolveram-se no oceano de Encélado e depois evaporaram-se da superfície da água antes de condensar e congelar em grãos de gelo dentro das fissuras da crosta da lua, descobriram os cientistas. Soprados para o espaço com a pluma crescente emitida por estas fissuras, os grãos de gelo foram então analisados pelo CDA da Cassini.
As novas descobertas complementam a descoberta da equipa, no ano passado, de grandes moléculas orgânicas complexas e insolúveis que se pensa flutuarem à superfície do oceano de Encélado. A equipa aprofundou este trabalho para descobrir quais os ingredientes, dissolvidos no oceano, necessários para os processos hidrotermais que estimulariam a formação de aminoácidos.
“Aqui estamos a descobrir blocos orgânicos menores e solúveis – potenciais percursores de aminoácidos e outros ingredientes necessários para a vida na Terra,” disse o coautor Jon Hillier.
“Este trabalho mostra que o oceano de Encélado possui blocos de construção reativos em abundância, e é outra luz verde na investigação da habitabilidade de Encélado,” acrescentou o coautor Frank Postberg.
// NASA (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
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