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Gás metano descoberto em Makemake
16 de setembro de 2025
 

Uma equipa liderada pelo SwRI usou observações do Webb (a branco) para detetar gás metano no distante planeta anão Makemake. Picos de emissão acentuados perto dos 3,3 micrómetros revelam metano na fase gasosa acima da superfície de Makemake. Um modelo contínuo (a ciano) é sobreposto para comparação; os picos de emissão de gás são identificados onde o espetro observado se eleva acima do contínuo. Uma representação artística da superfície de Makemake é vista em segundo plano.
Crédito: S. Protopapa, I. Wong/SwRI/STSCI/NASA/ESA/CSA
 
     
 
 
 

Uma equipa liderada pelo SwRI (Southwest Research Institute) anunciou a primeira deteção de gás no distante planeta anão Makemake, utilizando o Telescópio Espacial James Webb da NASA. Esta descoberta faz de Makemake apenas o segundo objeto trans-Neptuniano, depois de Plutão, onde foi confirmada a presença de gás. O gás foi identificado como metano.

"Makemake é um dos maiores e mais brilhantes mundos gelados para lá de Neptuno, e a sua superfície é dominada por metano congelado", disse a Dra. Silvia Protopapa do SwRI, autora principal de um novo artigo científico que será publicado em breve na revista The Astrophysical Journal Letters mas que já está disponível para consulta no site de pré-impressão arXiv. "O telescópio Webb revelou agora que o metano também está presente na sua fase gasosa acima da superfície, uma descoberta que torna Makemake ainda mais fascinante. Isto mostra que Makemake não é um remanescente inativo do Sistema Solar exterior, mas um corpo dinâmico onde o gelo de metano ainda está a evoluir".

A emissão espetral observada do metano é interpretada como fluorescência excitada pelo Sol, que é a reemissão da luz solar absorvida pelas moléculas de metano. De acordo com Protopapa e os seus coautores, isto pode indicar uma atmosfera ténue em equilíbrio com os gelos à superfície - semelhante a Plutão - ou uma atividade mais transiente, como uma sublimação tipo cometa ou plumas criovulcânicas. Ambos os cenários são fisicamente plausíveis e consistentes com os dados atuais, dado o nível de ruído e a limitada resolução espetral das medições.

Com cerca de 1430 km de diâmetro e dois-terços do tamanho de Plutão, Makemake tem sido uma fonte de interesse científico. As ocultações estelares sugeriam que não tinha uma atmosfera global substancial, embora não se pudesse excluir a existência de uma atmosfera fina. Entretanto, os dados infravermelhos de Makemake - incluindo as medições do Webb - sugeriam anomalias térmicas intrigantes e características invulgares do seu gelo de metano, o que levantava a possibilidade de pontos quentes localizados na sua superfície e de potencial desgaseificação.

"Embora a tentação de ligar as várias anomalias espetrais e térmicas de Makemake seja forte, estabelecer o mecanismo que conduz à atividade volátil continua a ser um passo necessário para interpretar estas observações num quadro unificado", disse o Dr. Ian Wong, cientista do STScI (Space Telescope Science Institute) e coautor do artigo científico. "As futuras observações do Webb, com maior resolução espetral, ajudarão a determinar se o metano provém de uma fina atmosfera vinculada ou de uma emissão semelhante à das plumas".

"Esta descoberta levanta a possibilidade de Makemake ter uma atmosfera muito ténue sustentada pela sublimação do metano", disse o Dr. Emmanuel Lellouch do Observatório de Paris, outro coautor do estudo. "Os nossos melhores modelos apontam para uma temperatura do gás de cerca de 40 K (-233º C) e uma pressão à superfície de apenas cerca de 10 picobars - ou seja, 100 mil milhões de vezes inferior à pressão atmosférica da Terra e um milhão de vezes mais ténue do que a de Plutão. Se este cenário se confirmar, Makemake juntar-se-á ao pequeno punhado de corpos do Sistema Solar exterior onde as trocas superfície-atmosfera ainda hoje estão ativas".

"Outra possibilidade é que o metano está a ser libertado em erupções semelhantes a plumas", acrescentou Protopapa. "Neste cenário, os nossos modelos sugerem que o metano pode ser libertado a um ritmo de algumas centenas de quilogramas por segundo, comparável ao das vigorosas plumas de água na lua de Saturno, Encélado, e muito superior ao ténue vapor observado em Ceres".

A investigação da equipa mostra a ligação entre as observações do Webb e a detalhada modelação espetral, oferecendo novos conhecimentos sobre o comportamento de superfícies ricas em voláteis na região trans-Neptuniana.

// SwRI (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (arXiv)

 


Quer saber mais?

Makemake:
NASA
AstDyS-2
Wikipedia

JWST (Telescópio Espacial James Webb):
NASA
STScI
STScI (website para o público)
ESA
ESA/Webb
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