Utilizando o Telescópio Espacial James Webb da NASA, uma equipa liderada pelo SwRI (Southwest Research Institute) identificou uma lua anteriormente desconhecida em órbita de Úrano, elevando a família de satélites conhecidos do planeta para 29. A deteção foi feita durante uma observação do Webb a 2 de fevereiro de 2025.
"Este objeto foi detetado numa série de 10 imagens de longa exposição com 40 minutos cada obtidas pelo instrumento NIRCam (Near-Infrared Camera)", disse Maryame El Moutamid, cientista principal da Divisão de Ciência e Exploração do Sistema Solar do SwRI, com sede em Boulder, no estado norte-americano do Colorado. "É uma lua pequena, mas uma descoberta significativa, que é algo que nem a nave espacial Voyager 2 da NASA viu durante o seu 'flyby' há quase 40 anos".
Estima-se que a lua recém-descoberta tenha apenas 10 quilómetros de diâmetro, assumindo que tem uma refletividade (albedo) semelhante à dos outros pequenos satélites de Úrano. Este tamanho minúsculo tornou-a provavelmente invisível à Voyager 2 e a outros telescópios.
"Nenhum outro planeta tem tantas pequenas luas interiores como Úrano, e as suas complexas inter-relações com os anéis sugerem uma história caótica que dilui a fronteira entre um sistema de anéis e um sistema de luas", disse Matthew Tiscareno do Instituto SETI em Mountain View, Califórnia, membro da equipa de investigação. "Além disso, a lua nova é mais pequena e muito mais ténue do que a mais pequena das luas interiores anteriormente conhecidas, o que torna provável que ainda haja mais complexidade por descobrir".
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A localização aproximada de S/2025 U 1, a amarelo, a possível nova lua de Úrano. Orbita entre os satélites Bianca e Ofélia. Se tiver um albedo comparável ao de outras luas próximas, o objeto tem provavelmente cerca de 10 quilómetros de diâmetro, de longe a lua mais pequena do sistema de Úrano até à data. As elipses sólidas indicam anéis, enquanto as linhas a tracejado mostram as órbitas de muitas das luas interiores.
Crédito: SwRI |
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A nova lua é o 14.º membro do intrincado sistema de pequenas luas que orbitam mais perto do que as maiores luas Miranda, Ariel, Umbriel, Titânia e Oberon (todas as luas de Úrano têm nomes de personagens de Shakespeare e Alexander Pope).
"Está localizada a cerca de 56.000 quilómetros do centro de Úrano, orbitando o plano equatorial do planeta entre as órbitas de Ofélia (que está fora do sistema de anéis principal de Úrano) e Bianca", disse El Moutamid. "A sua órbita quase circular sugere que pode ter sido formada perto da sua posição atual".
O nome da lua recém-descoberta terá de ser aprovado pela União Astronómica Internacional, a principal autoridade na atribuição de nomes e designações oficiais dos objetos astronómicos.
"Através deste e de outros programas, o Webb está a proporcionar um novo olhar sobre o Sistema Solar exterior. Esta descoberta faz parte do programa GO (General Observers) do Webb, que permite a cientistas de todo o mundo propor investigações utilizando os instrumentos de ponta do telescópio. A alta resolução do instrumento NIRCam e a sua sensibilidade ao infravermelho tornam-no especialmente apto a detetar objetos ténues e distantes que estavam fora do alcance dos observatórios anteriores", disse El Moutamid. "Olhando para o futuro, a descoberta desta lua sublinha como a astronomia moderna continua a construir sobre o legado de missões como a Voyager 2, que passou por Úrano no dia 24 de janeiro de 1986 e deu à humanidade o seu primeiro olhar de perto deste mundo misterioso. Agora, quase quatro décadas depois, o Telescópio Espacial James Webb está a empurrar essa fronteira ainda mais longe".
Nota: este texto realça ciência em curso, que ainda não passou pelo processo de revisão por pares.
// NASA (comunicado de imprensa)
// SwRI (comunicado de imprensa)
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Luas de Úrano (Wikipedia)
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