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Uma nova abordagem na exploração de surtos estelares resolveu um mistério com décadas
27 de junho de 2025
 

Ilustração do Sol a expelir um fluxo constante de partículas e campos magnéticos conhecido como vento solar e vastas nuvens de plasma quente e radiação de nome ejeções de massa coronal. Este material solar viaja pelo espaço e atinge a magnetosfera da Terra, o volume ocupado pelo campo magnético do nosso planeta, que age como um escudo protetor.
Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA/Bailee DesRocher
 
     
 
 
 

Por vezes, é preciso olhar para as coisas de uma forma diferente. Foi o que Atul Mohan descobriu, astrofísico e investigador da Universidade Católica da América, afeto ao projeto PHaSER (Partnership for Heliophysics and Space Environment Research) da NASA.

Há muito que os investigadores procuram compreender o intenso comportamento das coroas das "anãs vermelhas" jovens. As erupções massivas de plasma altamente magnetizado, designadas por ejeções de massa coronal (EMCs), constituem um grande perigo para o clima espacial, uma vez que podem corroer atmosferas planetárias ou desencadear reações químicas nocivas que podem desestabilizar biomoléculas.

As anãs vermelhas albergam a maior parte dos exoplanetas semelhantes à Terra conhecidos, a distâncias muito mais próximas da estrela do que a distância Terra-Sol. Isto expõe esses exoplanetas a mais destas violentas erupções do que os planetas do Sistema Solar interior.

A compreensão da produtividade de grandes EMCs pelas anãs vermelhas é um passo importante na identificação de plausíveis sistemas estrela-planeta que possam albergar vida.

Décadas de observações solares mostraram que grandes eventos de EMCs estão intimamente associados a três tipos distintos de surtos de rádio: tipos II, III e IV. Durante mais de uma década, os investigadores monitorizaram jovens anãs vermelhas ativas para identificar estes tipos de explosões. Apesar de estas anãs vermelhas terem uma taxa muito elevada de fortes erupções - erupções que quase sempre produzem uma EMC no Sol - nunca tinham sido encontrados tipos de explosão rádio associados a EMCs.

Mohan comenta: "Estas estrelas são superativas, produzindo supererupções extremamente energéticas como o evento solar de 1859 muito mais frequentemente. As erupções estão associadas a enormes reconfigurações do campo magnético na superfície. É isso que produz uma EMC. Assim, com estas estrelas altamente magnetizadas, tínhamos um mistério: porque é que não estamos a ver quaisquer assinaturas de rádio de EMCs - algo que deveríamos ver?"

Mohan e a sua equipa abordaram a investigação de uma nova perspetiva.

"Queríamos explorar esta questão utilizando dados de observações simultâneas com várias naves espaciais. Fizemo-lo compilando um catálogo de surtos rádio solares associados a EMCs observadas simultaneamente pelas missões Wind e STEREO-A e STEREO-B da NASA", disse Mohan.

Devido às suas diferentes órbitas em torno do Sol, em qualquer data e hora, estas missões forneceram observações de rádio do mesmo evento a partir de diferentes pontos de observação. Utilizando esta informação, os investigadores exploraram o efeito da linha de visão para a região de atividade na deteção destas erupções. A emissão de rádio tem um efeito de feixe inerente, semelhante ao de um raio laser.

Descobriram que as regiões ativas têm de estar dentro de um ângulo de visão de +-60 graus da missão ou haverá uma grande degradação do sinal observado, e o evento é muitas vezes indetetável com uma nave espacial desalinhada.

Mohan escolheu uma estrela específica - AD Leo - porque a sua cintura de regiões ativas está bem alinhada com a nossa linha de visão a partir da Terra. Esta estratégia eliminou qualquer efeito do feixe de emissões que contribuísse para a não deteção.

A equipa de investigação descobriu, em AD Leo, os indícios de erupções massivas que os investigadores esperavam numa estrela ativa jovem (assinaturas de surtos de rádio Tipo IV e Tipo III de longa duração, normalmente associados a EMCs muito fortes no Sol).

De facto, AD Leo está muito ativa, emitindo supererupções - surtos mais fortes do que a mais forte erupção solar jamais registada (o Evento Carrington de 1859) - várias vezes por semana. As EMCs associadas ao Evento Carrington interromperam as transmissões telegráficas em todo o mundo e provocaram auroras perto do equador. Isto significou injeções intensas de partículas energéticas na magnetosfera da Terra, levando a fortes correntes elétricas.

Este é apenas o início de uma nova investigação sobre as estrelas, fornecendo um critério essencial de linha de visão para a cintura de regiões ativas estelares quando se escolhem alvos de estudo, para além do simples critério da taxa de erupções.

Mohan conclui: "Desta forma, podemos obter maiores restrições sobre as taxas de EMCs, que são importantes para avaliar as ameaças à habitabilidade nestes exomundos".

 

// Universidade Católica da América (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Astronomy & Astrophysics)
// Artigo científico #2 (The Astrophysical Journal)

 


Quer saber mais?

Ejeção de massa coronal (EMC):
Wikipedia
FAQ (Universidade Estatal do Montana)

Coroa estelar:
Wikipedia

Anãs vermelhas:
Wikipedia

AD Leonis:
Wikipedia
Simbad

Clima espacial:
Wikipedia
spaceweather.com

Evento Carrington de 1859:
Wikipedia

Wind:
NASA
Wikipedia

Sondas STEREO:
NASA
JHUAPL
Wikipedia

Projeto PHaSER (Partnership for Heliophysics and Space Environment Research):
Universidade Católica da América

 
   
 
 
 
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