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ASTRÓNOMOS MAPEIAM GRÃOS DE POEIRA INTERESTELAR NA VIA LÁCTEA
13 de julho de 2021

 


Poeira interestelar.
Crédito: SRON

 

Entre as estrelas da Via Láctea, grandes quantidades de pequenos grãos de poeira flutuam sem rumo. Estes formam os blocos de construção de novas estrelas e planetas. Mas ainda não sabemos quais os elementos que estão disponíveis para formar planetas como a Terra. Uma equipa de investigação do SRON (Netherlands Institute for Space Research), liderada por Elisa Costantini, combinou agora observações de telescópios de raios-X com dados de sincotrão para criar um mapa de grãos interestelares na Via Láctea.

Se a nossa Galáxia encolhesse a ponto de as estrelas terem o tamanho de berlindes, ainda haveria cerca de mil quilómetros a separá-las. Portanto, é seguro dizer que as galáxias consistem principalmente de espaço vazio. Ainda assim, este espaço não está tão vazio quanto podemos imaginar. Está preenchido pelo chamado meio interestelar. Na maior parte, é composto por gás ténue, mas cerca de um por cento está na forma de pequenos grãos de poeira com cerca de 0,1 micrómetros - um milésimo da largura de um cabelo humano.

Estes grãos são formados durante o ciclo de vida das estrelas. Uma estrela, e os planetas em seu redor, são formados por uma nuvem de gás e poeira. Uma estrela evoluída, no final da sua vida, expele uma boa fração da sua massa para o meio circundante, criando novo material para a formação de poeira. Se a estrela terminar a sua vida com uma explosão de supernova, enriquecerá ainda mais o ambiente com ainda mais gás e poeira. Isto, por sua vez, acabará por constituir novos blocos de construção para estrelas e planetas. Como Carl Sagan disse: "nós somos feitos de poeira estelar". Mas ainda não sabemos exatamente quais os elementos que estão disponíveis, no meio interestelar, para formar planetas como a Terra.

O grupo de investigação de poeira interestelar do SRON, liderado por Elisa Costantini, estudou agora os grãos interestelares na nossa Via Láctea usando raios-X. Conseguiram, pela primeira vez, explorar as propriedades da poeira nas regiões centrais da Via Láctea e descobriram que esses grãos são feitos consistentemente de um silicato vítreo: olivina, que é composto por magnésio, ferro, silício e oxigénio. A interação com a radiação estelar e com os raios cósmicos derreteu estes grãos para formar esferas irregulares vítreas. Ao examinar regiões mais difusas longe do Centro Galáctico, a equipa encontrou pistas para a presença de uma variedade maior na composição da poeira. Isto pode dar origem a sistemas planetários diversificados. Pode até ser que o nosso sistema planetário seja a exceção, não a norma.

Costantini: "O nosso Sistema Solar foi formado nas regiões externas da Galáxia e é o resultado de uma sequência complexa de eventos, incluindo explosões de supernova próximas. Ainda é uma questão em aberto qual o ambiente certo para formar sistemas planetários e quais destes eventos são vitais para formar um planeta onde a vida possa florescer."

Para chegar aos seus resultados, Costantini e o seu grupo combinaram observações de telescópios de raios-X e instalações de sincotrão. Usaram estes últimos para caracterizar análogos da poeira interestelar como silicatos, óxidos e sulfatos em raios-X. De seguida, compararam estes dados com os dados astronómicos para encontrar as melhores correspondências. A observação de várias linhas de visão permitiu-lhes explorar diferentes ambientes da Via Láctea.

 

 


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// SRON (Netherlands Institute for Space Research) (comunicado de imprensa)

Saiba mais

Poeira interestelar:
Wikipedia

 
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