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RETROSPECTIVA ASTRONÓMICA DE 2013
31 de Dezembro de 2013

 

A explosão de um meteoro, mundos de água, a sonda marciana da Índia e o primeiro viajante interestelar. Estes são alguns dos destaques do ano no mundo da Astronomia.


Grande meteoro explode nos céus da Rússia

O planeta Terra foi apanhado de surpresa em Fevereiro, quando um meteoro explodiu sobre a região russa de Chelyabinsk, criando uma onda de choque que feriu centenas de pessoas e danificando edifícios próximos. Apesar de não termos previsto a sua chegada, a ardente descida da rocha espacial pode ter sido um dos eventos mais bem registados do género, graças ao amplo uso de câmaras montadas nos painéis dos carros na Rússia.

Com 20 metros de diâmetro, o meteorito que caiu em Chelyabinsk é considerado o maior dos últimos 100 anos. O evento demonstrou os efeitos da entrada de asteróides - por exemplo, os meteoros podem provocar queimaduras solares - e desencadeou um interesse renovado nos esforços de detecção e de desvio de asteróides. Mas também proporcionou uma oportunidade para melhorar a nossa compreensão da composição do Sistema Solar. Fragmentos de rocha, incluindo um pedaço com 1,5 metros retirado de um lago gelado, revelaram que o meteorito é de um tipo raro conhecido como condrito LL.

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Cometa ISON "ferve", depois desvanece

Era para ser o cometa do século, com um halo tão brilhante que podia ofuscar a Lua Cheia. À medida que se aproximava do Sol, o astro verde acendeu-se, tornando-se visível a olho nu. Mas quando o Cometa ISON fez a sua maior aproximação da superfície solar no final de Novembro, desapareceu sem dar o espectáculo de luzes que havia sido prometido.

Não se sabe exactamente o que resta do cometa após a sua visita pelo Sol. Ou o núcleo assemelha-se agora a uma crosta queimada de gelo - ou, mais provavelmente, quebrou-se. Mesmo assim, o legado científico do ISON viverá para sempre. É o cometa mais bem observado da era espacial, foi visto por dezenas de sondas e satélites, centenas de astrónomos profissionais e amadores. Isso deverá dizer-nos mais sobre estas misteriosas bolas de gelo e quem sabe ajudar a Agência Espacial Europeia a pousar a sua sonda Rosetta num cometa diferente durante o ano que aí vem.

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Rover encontra lago favorável à vida

Os micróbios podem ter vivido em Marte. Embora ainda não saibamos se realmente o fizeram, os cientistas disseram em Março que o rover Curiosity da NASA descobriu a primeira evidência definitiva de que o Planeta Vermelho já foi adequado para a vida. A determinação de habitabilidade em Marte era o objectivo principal do robô quando aterrou na Cratera Gale em Agosto de 2012. Esperava-se que o Curiosity fizesse as suas observações mais emocionantes cerca de um ano depois, quando alcançasse um monte de sedimentos com 5 km de altura situado no centro da cratera.

Em vez disso, uma das descobertas mais excitantes surge da primeira amostra do rover, recolhida das entranhas perfuradas de uma rocha marciana, encontrada perto de um antigo leito. As investigações do Curiosity sugerem fortemente a ideia de que a cratera Gale foi no passado um lago cheio de água potável, e que as rochas só passaram 80 milhões de anos expostas à radiação cósmica. Isso reforça a esperança em encontrar brevemente vestígios preservados de vida marciana.

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Gémeo da Terra (quase)

No final de Outubro, os cientistas anunciaram a descoberta do gémeo exoplanetário mais próximo da Terra, em termos de tamanho e composição. O planeta, chamado Kepler-78b, é apenas 20% maior e 80% mais massivo que a Terra, com uma densidade semelhante. Mas não tem um ambiente idêntico; orbita a sua estrela a cada 8,5 horas, a uma distância de 1,5 milhões de quilómetros, com temperaturas superficiais superiores a 2000 graus Celsius.

Esta descoberta surgiu pouco depois da contagem de planetas extra-solares confirmados ter excedido um milhar, um marco importante desde que o primeiro planeta para lá do Sistema Solar foi descoberto há 20 anos atrás. O número de planetas continuará a subir. Mas os astrónomos não se contentam em aumentar o número de descobertas exoplanetárias, querem saber mais sobre estes corpos: no início de Outubro, os cientistas anunciaram a produção do primeiro mapa de nuvens num exoplaneta. Usaram o telescópio Kepler e o telescópio espacial Spitzer para estudar Kepler-7b, um planeta do tamanho de Júpiter numa órbita íntima em torno da sua estrela hospedeira.

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Mundos de água que partilham uma estrela

Será que as civilizações extraterrestres conversam com os seus vizinhos alienígenas? Se existir vida inteligente em dois mundos de água encontrados em torno de uma estrela chamada Kepler 62, talvez. Em Abril, o telescópio espacial Kepler da NASA revelou o primeiro par conhecido de planetas do tamanho da Terra que orbitam ambos na zona habitável da sua estrela-mãe - a região onde as temperaturas são ideais para a existência de água líquida. Apesar disso, o Kepler não conseguiu distinguir detalhes - a impressão de artista é o nosso melhor palpite da sua aparência.

De facto, o tamanho desses mundos sugere que são bolas de rocha cobertas por oceanos líquidos, que podem estar repletos de vida. Os planetas também são suficientemente grandes para conseguirem segurar atmosferas espessas, de modo que qualquer vida marinha pode até preferir levantar voo. A descoberta levanta algumas possibilidades fascinantes - incluindo a ideia de que os potenciais extraterrestres dos dois planetas podem já ter comunicado, ou até ter-se encontrado.

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Primeira missão da Índia a Marte

Até para as agências espaciais dos países, alcançar Marte não é tarefa fácil. Mais de metade de todas as missões marcianas falharam, e até agora só os EUA, a Rússia e a Europa conseguiram enviar sondas robóticas. Em Novembro, a Índia propôs juntar-se a este clube exclusivo, com o lançamento da missão MOM (Mars Orbiter Mission) a partir da costa leste do país.

O principal objectivo da missão de 73 milhões de dólares é provar que a Índia tem capacidade para colocar uma sonda em órbita de Marte. A MOM deverá também ajudar a desvendar alguns dos mistérios do planeta. Transporta cinco instrumentos científicos, incluindo um sensor de metano para detectar o gás na atmosfera. Na Terra, o metano é produzido principalmente por vida, por isso encontrá-lo na atmosfera marciana poderá ser um indício de actividade biológica. A MOM também pode ajudar a revelar como Marte deixou de ser quente e húmido e passou a ser o planeta frio e seco que vemos hoje em dia, um objectivo partilhado pela sonda MAVEN da NASA que foi lançada cerca de uma semana depois da nave indiana.

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China alcança a Lua

A Ásia tem cada vez mais um papel de relevo no espaço. Em 2013, a China quebrou a "fome" de 4 décadas ao lançar e colocar na superfície da Lua o "lander " Chang 'e 3 e o rover Yutu, tornando-se na terceira nação a fazê-lo, depois da ex-União Soviética e dos EUA. Ambos aterraram em meados de Dezembro na região Sinus Iridum (latim para Baía do Arco-íris), uma área da parte norte de Mare Imbrium (Mar das Chuvas) no hemisfério norte da Lua.

O "lander" está equipado com uma câmara ultravioleta que pode monitorizar a Terra e estudar a formação da plasmasfera do planeta, ou magnetosfera interior, e a sua mudança de densidade. O Chang 'e 3 também transporta um telescópio óptico para estudos astronómicos. O Yutu transporta instrumentos científicos para estudar o solo, subsolo e as crateras de impacto. Está construído para hibernar durante a noite e pode sobreviver três noites lunares ultrafrias, o equivalente a três meses terrestres.

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Morte de um caçador de planetas

Lançado em 2009, o telescópio espacial Kepler da NASA descobriu 167 planetas extra-solares e identificou cerca de 3000 candidatos a planeta, incluindo um punhado de mundos potencialmente rochosos que podem ser capazes de abrigar vida. Mas a sua missão parou abruptamente em Maio, quando a NASA anunciou que o observatório estava gravemente danificado. O Kepler já não pode orientar-se com extrema precisão e por isso é-lhe impossível ver as ténues diminuições de luz estelar que revelam a presença de mundos alienígenas. Em Agosto, a NASA declarou oficialmente o fim da missão.

Uma proposta missão estendida, apelidada K2, poderá usar a pressão da luz solar para manter o telescópio estável por dois ou três meses de cada vez. Isso daria ao Kepler uma capacidade limitada para continuar a sua caça planetária. Entretanto, os astrónomos vão analisando o tesouro de dados já recolhidos pelo telescópio.

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Voyager 1 alcança o espaço interestelar

A relação intermitente entre a Voyager 1 e o Sistema Solar daria que falar em qualquer revista cor-de-rosa. Mas em Setembro a equipa encarregada da sonda da NASA ficou finalmente pronta para dizer adeus à Voyager 1. Apoiando-se em múltiplas linhas de evidência, a equipa pensa que a sonda ultrapassou de facto a bolha protectora de radiação do Sol.

De acordo com os seus cálculos, a Voyager 1 entrou oficialmente no espaço interestelar a 25 de Agosto de 2012. A sonda vai continuar a enviar leituras que ajudarão a refinar a nossa compreensão desta zona fronteiriça. Mas o tempo está esgotando-se: a Voyager 1 está ficando sem energia, e em 2020 vai começar a alternar os seus vários instrumentos para poupar electricidade. Por volta de 2025, a Voyager 1 esgotará as suas reservas e ficará silenciosa para todo o sempre.

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Esta fotografia da nuvem do meteoro que explodiu por cima dos céus de Chelyabinsk, no dia 15 de Fevereiro de 2013, foi obtida por um cidadão local, M. Ahmetvaleev. O pequeno asteróide media cerca de 20 metros de diâmetro.
Crédito: M. Ahmetvaleev
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O Cometa C/2012 S1 (ISON) em imagens da sonda STEREO (Ahead) da NASA.
Crédito: NRL/NASA
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Impressão de artista do planeta mais pequeno na zona habitável de uma estrela conhecida, Kepler-62f.
Crédito: NASA Ames/JPL-Caltech
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O rover lunar chinês, Yutu, embarca na sua emocionante aventura. A foto foi capturada pelo Chang'e 3.
Crédito: CNSA/CCTV
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"Você está aqui": impressão de artista que coloca as impressionantes distâncias do Sistema Solar em perspectiva. A escala é medida em Unidades Astronómicas (UA), com cada distância para lá de 1 UA representando 10 vezes a distância anterior. Cada UA é igual à distância entre a Terra e o Sol.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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