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SONDA MARCIANA REVELA UM PLANETA VERMELHO MAIS DINÂMICO
13 de Dezembro de 2013

 

A sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) da NASA revelou aos cientistas marcas escuras e delgadas - possivelmente devido a água salgada - que avançam sazonalmente por encostas surpreendentemente perto do equador marciano.

"A região da superfície equatorial de Marte tem sido considerada seca, livre de água líquida ou congelada, mas talvez seja necessário repensar isso," afirma Alfred McEwen da Universidade do Arizona em Tucson, EUA, investigador principal da câmara HiRISE (High Resolution Imaging Science Experiment) a bordo da MRO.

O acompanhamento destas características ao longo dos anos é um exemplo de como a longevidade das sondas que observam Marte está a fornecer informações sobre as mudanças em muitas escalas de tempo. Na Terça-feira passada, durante uma reunião da União Geofísica Americana, investigadores discutiram um conjunto de actividades marcianas, desde crateras novas que oferecem vislumbres da subsuperfície, até padrões de vários anos na ocorrência de grandes tempestades regionais de poeira.

Os fluxos à superfície que mudam com o passar das estações foram anunciados pela primeira vez há dois anos em encostas situadas a latitudes médias sul. São características semelhantes a dedos, regularmente com menos de 5 metros de largura, que aparecem e se estendem para baixo ao longo de encostas rochosas durante a Primavera e o Verão, desaparecem no Inverno e regressam na Primavera seguinte. As marcas nas encostas recentemente observadas esticam-se até 1200 metros.

McEwen e co-autores relataram os fluxos equatoriais na conferência e num artigo on-line publicado na Terça-feira passada na Nature Geoscience. Cinco dos locais bem estudados que contêm estas marcas encontram-se em Valles Marineris, o maior sistema de desfiladeiros no Sistema Solar. Em cada destes locais, as características aparecem tanto nas faces voltadas para Norte como nas faces voltadas para Sul. Nas encostas voltadas para Norte, estão activas durante a época do ano em que recebem a quantidade máxima de luz solar. As suas homólogas voltadas para Sul começam a fluir quando a estação muda e a maior quantidade de luz solar atinge o seu lado.

"A explicação que se encaixa melhor é água salgada que flui para baixo nas encostas quando a temperatura sobe," explica McEwen. "Nós ainda não temos nenhuma identificação definitiva de água nestes locais, mas também não existe nada que a ponha de parte."

Os sais dissolvidos podem manter a água no estado líquido sob temperaturas em que água mais pura congela, podem retardar a taxa de evaporação e assim esta solução salina pode fluir numa área maior. Esta análise usou dados do espectrómetro CRISM (Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars) e da câmara CTX (Context Camera), ambos a bordo da MRO, bem como a experiência THEMIS (Thermal Emission Imaging System) da sonda Mars Odyssey.

A água gelada foi também identificada noutro processo dinâmico que os cientistas estudam com a MRO. Os impactos de pequenos asteróides ou pedaços de cometas escavam todos os anos muitas crateras em Marte. Vinte destas crateras frescas expuseram gelo brilhante anteriormente oculto sob a superfície. Cinco foram relatadas em 2009. As 15 recém-anunciadas estão distribuídas por uma gama mais ampla de latitudes e longitudes.

"Quanto mais descobrimos, mais conseguimos preencher o mapa global de onde o gelo está enterrado," afirma Colin Dundas do Serviço Geológico dos EUA, em Flagstaff, no estado americano do Arizona. "Vimos crateras geladas até à latitude 39 no Norte, mais de metade do caminho desde o pólo até ao equador. Elas dizem-nos que ou o clima médio ao longo de milhares de anos é mais húmido do que o actual, ou que o vapor de água na atmosfera moderna está concentrado perto da superfície. O gelo pode ter-se formado sob condições mais húmidas, com restos dessa época que perduram hoje, mas desaparecendo lentamente."

O clima moderno de Marte torna-se mais conhecido a cada ano que passa graças ao conjunto crescente de dados obtidos por uma verdadeira armada de sondas que estudam Marte continuamente desde 1997. Este espaço de tempo totaliza quase nove anos marcianos porque um ano em Marte corresponde a quase dois na Terra. As sondas anteriores e os "landers" deram-nos mais ideias sobre a dinâmica da atmosfera de Marte e a sua interacção com o solo.

"O ciclo de poeira é o principal motor do sistema climático," afirma Robert Haberle do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, no estado americano da Califórnia.

Uma questão-chave que os investigadores esperam responder é o porquê das tempestades de areia cercarem Marte nalguns anos e não noutros. Estas tempestades afectam os padrões anuais de vapor de água e de dióxido de carbono na atmosfera, formando as calotes polares no Inverno e reabastecendo a atmosfera na Primavera. A identificação de variações significativas nos padrões anuais requer muitos anos de observações de Marte.

Os dados que emergem de estudos a longo-prazo vão ajudar os futuros exploradores humanos de Marte a encontrar recursos como água, a prepararem-se para riscos como tempestades de areia e onde ser mais cautelosos com a contaminação com micróbios da Terra.

Lançada em 2005, a sonda MRO e os seus seis instrumentos forneceram mais dados de alta-resolução acerca do Planeta Vermelho do que todas as outras sondas marcianas combinadas. Os dados estão disponíveis para os cientistas de todo o mundo pesquisarem, analisarem e relatarem as suas conclusões.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Universidade do Arizona (comunicado de imprensa)
HiRISE (Universidade do Arizona)
Nature Geoscience (requer subscrição)
Slides de apresentação na AGU (formato Powerpoint)
PHYSORG
SPACE.com
Universe Today
redOrbit
UPI
The Verge

MRO:
Página oficial da NASA 
Página oficial do JPL 
Wikipedia

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia


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Estas imagens da câmara HiRISE a bordo da MRO mostram como a aparência das marcas escuras em encostas marcianas mudam com as estações.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)


Esta imagem da câmara HiRISE a bordo da MRO mostra as marcas escuras em encostas marcianas, que mudam com as estações.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)


Esta imagem obtida no dia 19 de Maio de 2010, mostra uma cratera de impacto que não existia quando o mesmo local em Marte foi anteriormente observado em Março de 2008.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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