As últimas imagens da Cassini estão a inverter completamente as ideias dos cientistas acerca da gigante lua de Saturno, Titã.
A sonda espacial voou a 340,000 quilómetros de Titã na sexta-feira passada. Revelou nuvens de metano e uma borrada superfície que poderá incluir características tectónicas e grandes crateras de impacto.
Antes deste voo, os cientistas planetários apenas tinham imagens de baixa resolução de Titã. As áreas brilhantes visíveis nas imagens pensava-se que fosse água gelada, e as áres escuras provavelmente hidrocarbonetos.
O instrumento VIMS da Cassini analisou no infravermelho a superfície de Titã, que mostra que as regiões brilhantes são ricas em hidrocarbonetos e as áreas escuras são gelo relativamente puro. Pode ser que a brilhante região chamada Xanadu nem sequer seja uma cordilheira montanhosa de gelo, como havia sido teorizado, mas uma planície viscosa - talvez até um mar de metano.
A aparência borrada da lua gigante pode ser um efeito atmosférico.
Crédito: NASA/JPL/Universidade do Arizona
"Os dados da VIMS viraram a teoria completamente do avesso," disse Elizabeth Turtle da Universidade do Arizona, membro da equipa da Cassini.
Entretanto, as câmaras principais perfuraram a neblina laranja de Titã usando dois filtros, um polarizador e outro para seleccionar um comprimento de onda particular de luz que consegue observar para lá do "smog".
Nessas imagens, um campo de nuvens de metano flutua a cerca de quinhentos quilómetros da superfície, perto do pólo Sul de Titã. "São similares a nuvens na Terra," diz Kevin Baines do JPL da NASA em Pasadena.
As nuvens de metano em Titã parecem-se com um certo tipo de nuvens da Terra.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute
Neste momento é Verão no Sul de Titã, o que pode explicar o porquê das nuvens aí se encontrarem. O ténue aquecimento do distante Sol pode conseguir evaporar o metano da superfície onde ele brilha constantemente, perto do pólo Sul.
Muito do resto de Titã parece indistinto, embora a resolução das imagens seja bastante alta. "Pode ser um efeito atmosférico," diz Turtle. Ou pode ser que muitas das características da superfície simplesmente não tenham orlas pontiagudas - que Titã seja um mundo desfocado.
As imagens são no entanto detalhadas o suficiente para mostrar fortes características lineares, tal como a gigante letra H, que provavelmente é de origem tectónica. Isto significa que foi criada por algum processo interno em Titã. "Mas ainda não podemos temos a certeza do que é," diz Turtle.
Também existem entalhes redondos, que deverão ser crateras de impacto. Se isto se confirmar, existe pelo menos uma enorme cratera com mais de cem quilómetros de diâmetro.
Mas estas imagens são apenas uma amostra. A 26 de Outubro, a Cassini irá fazer a primeira de 45 passagens por Titã, ficando a apenas cerca de 1200 quilómetros da lua. Irá aí obter imagens muito melhores, e usar o seu radar para mapear a superfície em 3D. Entre outras coisas, os cientistas esperam observar lagos ou mares de metano, que deverão ser agitados por ondas gigantes derivadas da atmosfera ventosa de Titã.
Links:
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http://www.space.com/scienceastronomy/titan_upclose_040703.html
http://www.space.com/scienceastronomy/cassini_puzzles_040702.html
http://skyandtelescope.com/news/article_1293_1.asp
http://www.cnn.com/2004/TECH/space/07/03/saturn.cassini.ap/index.html
http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/3865257.stm
http://www.nasa.gov/mission_pages/cassini/main/index.html
http://sic.sapo.pt/index.php?article=2742&visual=3&area_id=5
Cassini-Huygens:
http://www.nasa.gov/cassini
http://saturn.jpl.nasa.gov/
http://www.esa.int/SPECIALS/Cassini-Huygens/
Saturno:
http://www.ccvalg.pt/astronomia/sistema_solar/saturno.htm
http://www.solarviews.com/portug/saturn.htm
Titã:
http://www.ccvalg.pt/astronomia/sistema_solar/tita.htm
http://www.solarviews.com/portug/titan.htm |
